Ficar em casa e se cuidar em tempos de pandemia é fundamental. Porém, esse cuidado não deve ser resumido em lavar bem as mãos, utilizar álcool gel e afins, uma vez que buscar meios de manter-se saudável, mentalmente, é imprescindível na vida das pessoas. Nessa procura, a arte é um recurso necessário, pois carrega poder de transformação nas mais diversas áreas, inclusive de cura individual e coletiva, como experimentado pela médica Nise da Silveira no tratamento de pacientes psicóticos.
O distanciamento físico e diversos fatores que o acompanham, como o bombardeamento de informações, traz à tona sentimentos de angústia, incerteza, desânimo e medo. Para lidar com isso, nesse período, as pessoas recorrem à obras de arte com maior frequência, principalmente, a músicas e filmes. Isso torna-se perceptível, por exemplo, diante do aumento de lives musicais e do consumo dos serviços de streaming (transmissão de conteúdo digital).
Escutar músicas ou assistir a filmes são um refúgio em tempos de pandemia. Isso, porque existe um fenômeno que acontece dentro das pessoas que, muitas vezes, não pode ser descrito por palavras. Essa sensação boa, que parece transcender, é real. Uma pesquisa feita por Semir Zeki, no Departamento de Neurologia Cognitiva Wellcome do Colégio Universitário de Londres, aponta que experienciar uma obra de arte gera um aumento repentino da substância química do bem-estar, a dopamina, responsável por produzir sensações de prazer intenso, além de estar relacionada ao desejo e afeto, proporcionando, assim, sentimentos agradáveis no cérebro.
Se para quem é público essas sensações surgem, para os artistas vai além. Essa mesma pesquisa comparou a criação artística com exercícios para o cérebro e, assim como as atividades físicas fazem bem ao corpo, produzir arte ajuda a manter a mente aguçada e preparada. Por conta disso, envolver-se nesse processo é capaz de gerar renovação das capacidades intelectuais, além de auxiliar no enfrentamento à situações estressantes da vida.
Portanto, a arte está, intimamente, ligada à saúde mental das pessoas, relacionando-se, então, com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 3 (saúde e bem-estar), proposto no plano de ação da Organização das Nações Unidas (ONU), que visa promover o acesso à saúde de qualidade e o bem-estar para as pessoas de todas as idades. Sendo assim, a luta é para que tanto os artistas quanto a arte sejam mais valorizados e que esta se torne cada vez mais acessível, chegando aos mais diferentes espaços da sociedade e revelando o poder que tem. Como dizia o filósofo Nietzsche, “a arte existe para que a realidade não nos destrua”.
Referências bibliográficas
- O efeito da arte no nosso cérebro. Disponível em: https://amenteemaravilhosa.com.br/efeito-da-arte-no-nosso-cerebro/. 2019.
- Acesso em: 16 out. 2020.
- SCHREINER, Ana Clara. Qual a importância da arte em tempos de quarentena? 2020. (7m52s). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=BHWXsW-op6w
- Acesso em 16 out: 2020.
- SEMI, Zeki. Arte e Cérebro, por Semir Zeki. Departamento de Neurologia Cognitiva Wellcome. Colégio Universitário de Londres. Disponível em: http://www.vislab.ucl.ac.uk/pdf/Daedalus.pdf.
- Acesso em: 16 out. 2020.SOUZA, Duda Porto De. CARARO, Aryane. Extraordinárias. Mulheres que revolucionaram o Brasil. Seguinte. São Paulo. 2017.
Autor
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Paloma Oliveira - Jovem Embaixadora EcoWomen e idealizadora do projeto Ártedus - Arte, Educação e Sustentabilidade